@bunkerdaesquerda uma pergunta pra vcs, vcs acham possível revolução no capitalismo tardio em que vivemos?
Mais do que achar possível, nossa função é planejar e viabilizar a possibilidade.
Do futuro ninguém sabe, e no passado, antes de grandes revoluções ou mudanças, houve quem dissesse que as mesmas eram impossíveis.
O que dá pra dizer é que não tem como ser igual ao que já rolou, nós precisamos adaptar nossas ações a realidade em que vivemos.
E por último, a falta de esperança é uma arma usada contra nós.
Eu acho que é possível sim, mas eu receio que nós não estaremos vivos para ver
Eu acredito que seja possível, nem que seja por meio de um motim militar parecido com o que ocorreu na Venezuela.
A seguir minha longa reclamação sobre os “socialistas utópicos dos nossos dias” (pule isso, é chato).
Capitalismo tardio - Mark Fisher não é a melhor figura para tomar como referência a respeito de como se portar diante dos desafios da sobrevivência numa sociedade capitalista, de alta produtividade, excessiva competitividade na qual o dinheiro foi desvinculado da produção ao ponto de existir mais dinheiro no mundo do que riquezas na forma de matéria prima, serviços e bens de consumo. NA MINHA OPINIÃO.
Esses filósofos “críticos do capitalismo” modernos - normalmente nascidos e instruídos em regiões historicamente muito influenciadas politicamente por países como Reino Unido e Estados Unidos - costumam apontar contradições muito bem, mas eles são péssimos em propor soluções, formas de superação ou alternativas viáveis para elas.
Acho que isso começou com os pensadores e estudiosos que ficaram desiludidos com as experiências socialistas - ou como também se pode chamar, o socialismo real - e de outras revoluções. Eu não concordo com eles, li bastante a respeito das delas, sei de todas as coisas que deram errado nelas no presente e no passado, e defendo elas mesmo assim. Apoio, e é o modelo de sociedade que defendo.
Fim da minha longa reclamação (me desculpe por isso) .
Mas a respeito da sua pergunta. Não é uma questão de opinião pessoal mas de acontecimentos reais. Após o fim da Guerra Fria, um economista e filósofo nipo-estadunidense - Yoshiro Francis Fukuyama - disse que a ordem unipolar e hegemônica dos Estados Unidos da América era o “Fim da História”. Atualmente vivemos numa ordem multipolar e os EUA/USA não tem mais tanta hegemonia. Belicamente eles também não são absolutamente superiores. A China tem mísseis para os quais esse país não tem defesa. Revoluções no chamado “capitalismo tardio” acontecem o tempo todo. Agora mesmo tem uma guerrilha acontecendo nas Filipinas, também existem guerrilhas ocorrendo na Índia. Os Estados do Sahel se rebelaram contra a interferência francesa faz algum tempo. As FARCS são um exemplo de guerrilha na América do Sul. FPLP e FDLP - partidos palestinos aliados ao Al-Fatah - possuem forças paramilitares para lutar contra milícias sionistas e a Mossad e tem como objetivo criar um “estado palestino livre e democrático”, o que é possível no futuro mesmo se os palestinos forem expulsos da Gaza e da Cisjordânia - até porque muitos analistas acreditam que Israel não vai existir por muito tempo além do presente, está é uma possibilidade real infelizmente ou felizmente - Porque os sionistas eram um bando de judeus brancos, especialmente europeus, que não falavam hebraico mas inglês, e conseguiram fundar um país num lugar, que poderia ser qualquer um até o continente africano foi cogitado. Petro conseguiu fazer um dos melhores governos da América Latina, aprovou uma reforma da previdência super inclusiva. A Bolívia é um estado plurinacional, significa que os indígenas são donos de sua própria terra. No Brasil nós temos movimentos populares, especialmente nos relacionados a luta por terras, um grupo de poseiros inclusive expulsou alguns “capangas da burguesia” de seu território. Ainda são pequenos, porém existem e provavelmente são muito mais desenvolvidos e fortes no campo porque somos uma nação agrária ainda. Voltando para Ásia e Europa na Turquia eu posso destacar a luta dos curdos - controverso dependendo de para quem você perguntar - e também a guerrilha de um partido marxista-leninista-maoista. Na Ásia tem 4 estados socialistas e no Caribe tem 1 que possuem independência em relação ao imperialismo do Norte Global - Eu considero essas revoluções bem sucedidas, nenhum desses países está em guerra civil e em nenhum deles exite perseguição por parte do governo a um grupo de pessoas específicos além da burguesia por enquanto estar sob controle doggoverno - Os exemplos que eu citei anteriormente exemplificam revoluções socialistas e nacionalistas de caráter anti-imperialista que ocorreram durante o chamado “capitalismo tardio” e também anteriormente mas que perduram até os dias de hoje. Vou deixar exemplos como Irã e Venezuela de fora. Mas independente da opinião pessoal de qualquer um e das violações de direitos humanos ocorridas nesses países são exemplos de revoluções que estabeleceram um novo modelo de sociedade - independente se eu concordo ou não - que perdura até hoje.
Pessoalmente, acredito que revoluções tem mais probabilidade de acontecer em países do Sul Global. E desenvolver a economia desses países para conseguir estabelecer a base de um novo governo e distribuição de riqueza numa sociedade que busca ou não extinguir as classes sociais e econômicas é o maior desafios que tais movimentos encontram. Consequência disso é necessitar de um exército forte. O que não necessariamente significa uma sociedade civil armada e militarizada.
Não enxergo isso ocorrendo nos países do Norte Global no cenário atual. A filosofia das organizações políticas no Ocidente são podres e revisionistas. É mais fácil a direita desses países alterar o sistema de governo, do que a esquerda transformar o sistema econômico. E antes que alguém venha com um papinho anti-intelectual e anti-academicista. Movimentos apolíticos SEMPRE se transformam em movimentos fascistas que beneficiam a elite.
Me desculpe se fui muito prolixo. Você não especificou o tipo de revolução, com qual objetivo, se de esquerda ou de direita, então eu tentei englobar o máximo de exemplos que lembrei de cabeça. Não importa muito o que eu acho, o que importa é a realidade, a resposta curta é sim, revoluções ainda podem acontecer é ainda vão acontecer. O capitalismo não vai ser eterno, o feudalismo na Idade Média durou mais do que o capitalismo durou atualmente. O mercado existia antes dos europeus criarem coragem de viajar para fora de seus feudos. A Africa e a Ásia já tinha um comércio marítimo antes do “” descobrimento"" da América. Nada é eterno, é até mesmo o socialismo - periodo de transição do capitalismo para o comunismo no qual ainda existe luta de classes - que eu defendo por ventura pode vir a ser superado. Até o comunismo, caso algum dia seja alcançado por dar lugar a outro modo de produção. A sociedade de classes pode deixar de existir e então a sociedade sem classes pode dar lugar a uma sociedade de classes com estado ou algo completamente diferente e novo. Mas isso seria imaginar algo que não existe e que não tenho provas de que algum dia já existiu exatamente como idealizo.
@[email protected] @[email protected] acho que é possivel, mas que tem coisas que dificultam. tem que ter um partido comunista com um apoio do povo tão massivo que quando tentar alguma coisa tem que ser uma parada decisiva. eu não acho que exista hoje um partido ou movimento capaz disso. mas o amanhã ninguém sabe. talvez apareça um movimento assim. talvez amanhã, talvez daqui 5, 10 anos. enquanto tiver gente, há esperança
@ointersexo @bunkerdaesquerda com certeza é possível. mas enquanto a esquerda for uma reprodução das violências sistêmicas, enquanto branca e hegemônica. isso não vai acontecer.
sim, essa construção tem q ser ativa criando uma linha de produção paralela, ta lgd?
ou seja, enquanto a discussão for “como retomar ou forçar o estado a nos conceder algo”, vamo ficar nessa de nao imaginar nada, mas sim “como faremos isso por fora do estado burguês”, dai é o papo
entendo eu q só unificando a luta de territórios, urbanos e rurais, q é possível, pq a gnt precisa de uma linha de produção e logística de alimentos, energia elétrica, água e uma rede de comunicação paralela ao estado burguês
então existem poucas, mas existem organizações q pensam isso, o trabalho de base com e por elas é fundamental
e assim, tem mt picuinha, inclusive nas organizações revolucionarias, por quem falou o q, por quem escreveu o q, q falou uma ideia errada e etc
mas o q importa é quem FAZ, ta lgd? mesmo q essa quem fez nao seja a mais correta, a vanguarda é quem faz, nao quem fala mais bonito
EDIT: vo colocar um outro ponto tbm, o capitalismo nao foi feito pra acabar, viu? Por isso Marx falou em destruir TODOS os pilares dele, e q é um movimento internacional
Boa pergunta, eu também enxergo uma certa complexidade nisso tudo parece está atrelado ao capitalismo e conspirando para a sua manutenção, o monstro denominado como sistema capitalista criou vida própria, mas acredito que pela experiência histórica esse monstro possa ser derrotado, indiretamente por nós, mas não por nós mesmos, mas pelos seres humanos mais esplêndidos que sentiram sua tirania, talvez não possamos está vivos para ver sua derrocada, talvez nossa luta sirva para inspirá-los, pois serão uma geração muito mais enfurecida e muito mais capaz que nós nesse caso é uma questão de tempo.
N.N.V: Nacerá de nosotros un vengador.
@[email protected] @[email protected]
Sim. Sempre existe a possibilidade de revolução.
Sim e não.
Sim, porque tecnicamente, é possível.
Não, porque do modo como as coisas vão, não vai acontecer.
Um dos grandes trunfos do capitalismo moderno é o consumismo extremo. Todo nosso modo de vida hoje é moldado por e para o consumismo e nos distanciamos do mundo real pra viver num mundo completamente artificial, dentro de uma bolha de consumo. Definimos o que é uma vida boa e ruim, direta ou indiretamente, com base no padrão de consumo, definimos nossos objetivos de vida baseado no consumo, nos sentimos felizes quando consumimos, idolatramos marcas e propriedades intelectuais como se fossem ídolos. Hoje, sequer temos a capacidade de compreender como seria uma vida sem consumo. Existir é consumir.
E daí vem duas questões principais: primeiramente, que o consumo traz um conforto imediato, e ninguém quer abandonar esse conforto. A vida é muito ruim pra se privar de um pequeno momento de bem-estar, não é? E uma revolução significa sacrificar todos nossos pequenos confortos por uma causa maior a longo prazo, e ninguém quer isso de verdade. O capitalismo “entende” isso muito bem e está a todo momento nos bombardeando de pequenos mimos, sem parar, pra nos manter nesse estado de inércia consumista. A outra questão é que a vida dentro de uma sociedade pós revolução seria uma vida sem o consumismo e como toda nossa vida é voltada para o consumo, a realidade é que as pessoas não querem isso. Até mesmo boa parte da galera militante, quando tem o consumismo internalizado confrontado, acaba cedendo para o lado das grandes marcas e dos seus pequenos confortos. Agem e pensam como se fosse possível fazer uma revolução sem abandonar o modo de vida consumista, e não é. Sem destruir a cultura de consumo, não tem como destruir o capitalismo tardio, e a ideia de revolução não vai passar de um escapismo mental.
Nossas esquerdas têm muitos pontos de convergência e divergência, mas ainda não vi nenhuma que coloca o nosso sistema de consumo como a maior ameaça a ser combatida. Pouca gente sequer aborda essa questão. A meu ver, a única maneira de combater o capitalismo, na proporção que atingiu, seria o enfraquecendo pouco a pouco, por meio da quebra organizada do nosso padrão de consumo e combate ao culto às marcas, enquanto organizando e fortalecendo trabalhadores, deixando que o sistema entrasse em crise, para então combater um capitalismo enfraquecido, com uma classe trabalhadora fortalecida. E ainda assim, seria desafiador.
Por isso que digo com muita certeza que enquanto formos psicologicamente dependentes do consumo que o capitalismo nos proporciona, não haverá revolução.
@nossaquesapao @ointersexo eu acho que não se elimina o problema do consumo repensando consumo. esse discurso é o mesmo que dá margem pra correntes como consumo consciente, consumo sustentável e por aí vai. nada disso resolve. não tem como enfraquecer o sistema capitalista através do consumo. isso é perda de tempo. e não, não sei qual seria a solução pra isso, ainda preciso estudar mais. mas nada que tenha vindo do capitalismo, pode ser considerado estratégia para derrotar o próprio capitalismo.
Mas quando que proponho algo vindo do próprio capitalismo ali no texto? Consumo “sustentável” e “consciente” também é consumo, é uma reação capitalista a pensamentos que ameaçam o sistema, pra apaziguar as pessoas. Confrontar o consumo é não consumir. Isso que enfraquece o capitalismo, deixar que as empresas entrem em crise e quebrem, rejeitar seus produtos e serviços, tanto físicos quanto digitais. Não falo isso no sentido de viver precariamente ou de passar fome, mas no sentido de abandonar os excessos do consumismo, produzir ao máximo o que precisamos, olhar pra uma grande marca e não ver nada além de uma força opressora, ao invés de uma fonte de prazer. Isso se alinha bastante com a linha de pensamento que @[email protected] postou aqui de criarmos nossas próprias cadeias produtivas paralelas. Aliás, a única iniciativa que conheço nesse sentido é o mst, e é um ótimo exemplo, pois a produção do mst tem um perfil diferente da latifundiária, que não satisfaria a um padrão consumista, mas que nos permite ter uma vida digna e livre.
entendo o q quer dizer, mas acho q nao pela ótica do consumo, e sim da produção, certo?
pq assim, pegando agr uma situação hipotetica né, se vc entra no mercado e ja tem td q vc precisa, vc nao se importa como q aquilo chegou ali. Marx vai descrever isso como o fetiche da mercadoria (estou colocando de forma bem grosseira aqui), ou seja, a mercadoria está disponivel de forma tao generalizada, q vc sequer pensa quem é q produziu e como foi produzido. Isso é um efeito da estrutura do capitalismo, nao é algo mutável pelo sistema, é inerente à ele.
a superação disso, entao, esta justamente em uma estrutura paralela à essa né? A sua menção ao MST é bem colocada msm, pq qndo vc pensa num arroz agroecológico do MST, vc logo vê o assentamento q o produziu, e tbm pode ir de encontro com quem produziu e como produziu. Talvez o passo além, a meu ver, é nós nos organizarmos e produzirmos. Seja por um MST, ou por alguma outra organização q seja, sem sectarismo, no caso.
isso tem limites óbvios, pq precisa dessa estrutura economica aliada a uma estrutura politica, por assim dizer. Assim, nao adianta vc ter uma linha de produção q nao pretenda ir além do estado burgues né? Vai virar uma empresa qqr no longo prazo. Mas se à uma estrutura politica pensada conjuntamente, prezando pela democracia e a coletividade, com um horizonte de derrubada da burguesia, temos ai uma ameaça ao Estado, certo?
nesse sentido, gosto da literatura acerca do sindicalismo revolucionario, pelo menos nessa visao de uma estrutura politica pensada de baixo pra cima.